sábado, 3 de setembro de 2011

Excerto de manifesto

Porque havemos nós de estar parados? Porque havemos nós de nos mexer?
Nós que somos o prefácio da história que se avizinha, ou devermos nós chamarmo-nos como posfácio?
Não passamos de meros precedentes, nós somos o imitatio. Somos a representação da natureza, mas se a natureza é caótica porque não havemos nós também de o ser? A representação não tem apenas relações com aquilo que é exterior, tem relações intra-literárias, são relações que passam por cânones. Nós não somos o decorum, não nos adequamos aos contextos, às normas e regras sociais, às audiências.
O orador é uma espécie de sociólogo, um conhecer do meio-social, é o gajo que tem tomates para dizer aquilo que o poeta não diz, aquilo que o poeta apenas escreve. Nós somos o orador, nós somos o verdadeiro regenerador linguístico.
Deparamo-nos com o dia-a-dia, somos julgados pelo tempo que teima em não parar, nós despojamo-nos perante aquilo que é suposto ser alguma coisa, e nunca nos apercebemos que NÓS somos máquinas de uma sociedade que teima e nos obriga a fazer o que Eles querem.
Um dia parámos e fomos lembrados a Respirar, e como foi bom Respirar. Reaprendemos a andar sabendo e não esquecendo que respiramos, e tocamos, e falamos com o outro e com o nosso. Emancipámos as reacções uns dos outros, percebemos que afinal nos resumimos a Nada.
Somos NADA, mas queremos TUDO. TUDO é nosso por direito. Vamos exigir.

Cantemos o nosso hino nacional:
“Herois do mar, nobre povo.
Viva a Televisão e a sua propaganda alienada e bondosa a favor dos feridos da guerra.
Morram os velhos e debilitados, viva o Capitalismo, viva o dióxido de carbono. Morram os pacifistas, morte aos pretos, ciganos, indianos, fora com os intrusos.
PORTUGAL A OS PORTUGUESES. Contra o canhões marchar, marchar”

Nasce um cordeiro no meio do pó, nasce uma flor no fumo preto do subsolo onde há muito que o Sol não governa nem ilumina. Fim de tudo o que é materialista, ganha a Mãe.

Manipula, exerce, controla e sê controlado, grita sem engolires em seco.

(Todo o excerto que se segue deve ser declamado com um leve e gracioso sorriso na boca, todo ele soará melhor com o 2º movimento da 7ª Sinfonia de Beethoven como musica de fundo, é favor respeitar as Pausas que o autor sugere)

Respira ar puro. [PAUSA ] Cria e dá ao outro, sorri que não pagas por isso,[PAUSA] sonha,[PAUSA] luta por aquilo que ambicionas, não sejas egoísta. [LONGA PAUSA] Colhe a planta e planta duas a seguir. Dá comida ao pobre, ao que quer e não quer, ao cão, ao gato. Fala, ensina, oferece sem pedires retorno, sê ponderado, [PAUSA] não mates, [PAUSA] não roubes. Se erras cais.

Ou então queima tudo isto.
Pega nesta folha, queima tudo, apaga esta mensagem, manda-nos pro caralho, parte-nos a cara, sê aquilo que tu queres ser. Antecipa-te às acções, pós-brutalidade. É isso, irrita-te, chega à rua e manda um FODASSE bem alto. Enfia o dedo no cu, faz aquilo a que te deves se assim o queres.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 É o que somos.

2 comentários:

Maria Paula disse...

Muito bom!Brilhante mesmo! Será que dá para partilhar? Bj no e do coração

JBrito disse...

cool