sábado, 26 de junho de 2010

Arte Poética de Horácio

Horácio tinha a preocupação de, por um lado não deixar desaparecer a tradição grega e, por outro controlar o fenómeno literário. É eleito como sendo um herdeiro da tradição grega, fala como poeta e dá conselhos a quem tem a pretensão de escrever, afastando-se de Aristóteles que, na Poética, fala unicamente da prática dos poetas. Encara a poesia como uma história sagrada, como sendo uma manifestação superior que deve ser respeitada.
Horácio pega nos princípios da tradição grega, e repensa nos conceitos de mimésis, verosimilhança e unidade. A partir do conceito do género, faz uma codificação rígida do literário.
Enquanto para Aristóteles a poesia implica um determinado uso da linguagem, onde há mimésis e, existe uma representação da realidade que produz um efeito emotivo, para Horácio a poesia é imitação, e imitação não corresponde exactamente ao conceito de mimésis. É sempre feita uma adaptação de temas utilizados pelos antepassados. Assim o poeta renova os conceitos ainda que siga uma linha de continuidade. Para esta renovação o poeta tem de ser necessariamente um homem culto e conhecedor da cultura actual e passada. Este tem também de ter a capacidade de convencer e emocionar o publico, ainda que não o arrebata.
Como modelo terá, os autores do passado e o orador para que possa ter um bom conhecimento da funcionalidade da língua. A poesia será elevadora de tudo e as suas finalidades passam por ensinar e agradar.
Na imitação (imitatio), a representação da natureza e das acções humanas, é feita como os seus antepassados. A própria representação não tem relação apenas com o exterior, mas uma relação intra-literária, passa pelo cânone. A sua base vai ser o decorum. O Decorum implica que haja uma adequação ao contexto, personagens, audiências, convivência de regras sociais internas e externas.
Para Horácio, cada texto pertence a um determinado género, e cada género vai pertencer a um tema, um tipo de personagens, um tipo de linguagem e um metro específico. Assim criam-se três pontos cruciais:
O Orador que tem de ser uma espécie de sociólogo, tem de conhecer o meio social a que se dirige, de modo a que a comunicação se exerça;
O Poeta que é como que um regenerador linguístico. Um conhecedor nato do uso quotidiano da linguagem, de forma a criar neologismos e tendo a particularidade de trazer de volta termos que tenham caído em desuso. Este não deve esperar o reconhecimento imediato do público.
A Poesia que sendo sinonima de nobreza tem uma função sagrada.
O Poema deve ser coerente, e com uma harmonia total dos seus elementos.
Desta forma, Horácio na Arte Poética, mostra que é impossível fazer um tratado sobre poesia, mas como acima referido considera essencial a existência de uma teoria de géneros. A Arte Poética é o primeiro texto teórico que fala não só da poesia, mas também do poeta. Há uma chamada de atenção para o facto de que a dinâmica de discurso e linguagem é essencial, mas que para além de uma técnica há algo que é inato. É essa qualidade inata que cria a relação da palavra com o público. Assim a obra é vista como um todo, é sinónima de dinamismo.

sábado, 5 de junho de 2010

Poética de Aristóteles

A Poética de Aristóteles é uma obra que é tida como uma constante sistematização do que é o fenómeno literário. Desta forma é o primeiro estudo feito sobre a essência do que é literatura.
Aristóteles ao definir a poesia estuda a sua dimensão empírica e faz uma reflexão sobre a existência dos géneros literários, a sua caracterização e composição, para provar que a poesia é o resultado da mimésis ou, que a poesia é mimésis.
Toda a Poética se centra essencialmente na mimésis. A mimésis é a imitação das acções dos homens e da natureza. Esta imitação não tem como pretensão ser uma cópia exacta do real, o poeta faz apenas um uso da mesma para contar, não o que aconteceu na realidade, mas o que poderia acontecer. Assim conseguimos fazer uma distinção entre o poeta e o historiador, onde o historiador limita-se a contar unicamente o que realmente aconteceu particularmente e não universalmente ao passo que o poeta cria um mundo totalmente novo, narra o verosímil. Percebe-se assim que o poeta é um criador de mitos. Através da verosimilhança, ele cria a história que conta, mesmo que tenha como base um mito tradicional, uma história já existente. Imaginando personagens, caracteres, episódios e conflitos, o poeta cria através da imitação o mito, fazendo um crescendo e encadeamento de elementos, bem estruturados e organizados. Dois bons exemplos, na minha opinião, são: Hamlet de W. Shakespeare, que é segundo alguns historiadores, uma peça de teatro baseada num conto popular inglês da época, onde Shakespeare adopta um mito já existente para criar uma nova história. E já mais recentemente o filme RAN – Os Senhores da Guerra de Akira Kurosawa, que é uma história totalmente nova e adoptada para a realidade Japonesa, toda inspirada no Rei Lear de W. Shakespeare.
A imitação resulta de três componentes fundamentais: o meio por que se imita, no meio esta inserido o ritmo, melodia e discurso; os objectos que se imitam; e o modo como se imita. Do modo como se imita resultam dois géneros, o narrativo, que é a narração de acontecimentos na terceira pessoa ou epopeia, e o dramático, que tanto pode ser tragédia como comédia em que os actores representam. O género eleito por Aristóteles é a tragédia, e é visível na sua obra a dedicação que é feita pelas inúmeras passagens em que eleva a sua grandeza, assumindo-a como sendo o género superior.
O drama mostrava a essência do ser humano, focava o seu lado forte e o seu lado fraco, ao ponto do espectador se identificar com o que via.
Já na tragédia, o espectador entrava em catarse, ou seja, purificava as suas emoções e paixões excessivas, pelo terror visível no espectáculo. Na comédia o mesmo acontecia mas através do riso. Este efeito purificador ou catártico era um ponto positivo assente, pois os seus efeitos provocavam um bem-estar, que iriam ser notórios na interacção social.Segundo Aristóteles, toda a poesia é feita através da imitação rítmica e linguística, e é essa mesma linguagem carregada de tanto ênfase, que traz à tragédia a sua superioridade, pois faz imitações de acções de carácter elevado e de homens nobres. É a organização dos seus elementos e da sua linguagem arrojada e superior que dão origem ao mito, suscitando no espectador a piedade e o terror “a alma da tragédia”. Qual o propósito do marketing nos dias de hoje senão suscitar o interesse do espectador num determinado produto. A palavra, a força e a forma como é empregue é fundamental, e a sua elocução permite toda a espécie de vocábulos, metáforas, de maneira a serem elevadas a um nível fora do comum. O poeta transforma a linguagem corrente, numa nova e completamente renovada historia.

Trabalhos

Ando realmente atarefado. Trabalhar, Estudar, Namorada, Familia, Amigos... E tempo para escrever???? Sinceramente o pouco tempo livre que tenho prefiro gasta-lo com aqueles de quem gosto e amo. O tempo para escrever, bem.. HUM, escrevo os ensaios que me são pedidos e chega. Desta forma, porque não fazer deste meu blog uma base de dados dos meus ensaios e trabalhos teorico-literários?!?!?!?

E assim começa...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Passado um ano...

Um texto para o inicio de 2009.

Bom 2009.
Este ano é um ano de Crise, mas que caralho. Estamos em crise desde que nasci, o ano de 2008 foi considerado um ano de "banca rota", 2007 "idem aspas", 2006 detectou-se a crise, 2005 Marques Mendes, então presidente do PSD, desafiou o primeiro-ministro para ir ao Parlamento debater a crise económica. entre 2004 e 2005, o nível de endividamento das famílias portuguesas aumentou de 78% para 84,2% do PIB. O grande problema de 2004 era um prolongamento da grave crise de 2003, ano em que a economia portuguesa regrediu 0,8% e a ministra das Finanças não teve outro remédio senão voltar a pedir contenção. Pior que 2003, só talvez 2002, que nos deixou, como herança, o maior défice orçamental da Europa, provavelmente em consequência da crise de 2001, na sequência dos ataques terroristas aos Estados Unidos. Bem fora isso recebemos uns quantos milhões nos anos 90 que foram estoirados pelo Senhor Professor Cavaco Silva na altura Primeiro Ministro em Auto-estradas, que até essas são ainda pagas, e a acrescentar que todas elas aumentaram nas respectivas portagens.
Ou seja desta perspectiva qual crise?? Estamos muito bem. Ou então agradecemos a todos os políticos e executivos que fizeram um esforço desde 1143 para manter os portugueses bem habituados a tempos difíceis. Desta forma podemos considerar-nos o país da Europa mais bem preparado para a crise que está presente.

Conselho do Ano: Parem e Respirem. Ou já estão mortos?