Já ia tarde aquela madrugada onde tudo parecia misturar-se num enredo fruto da conjugação das estrelas, da lua, do sol! Mas de repente chega Marileide, com um vestido azul turquesa meio sujo e rasgado como se há muito tempo tivesse sido deitado fora.
- JOÃO! - Grita Marileide com desespero e angustia na voz. – Que bom ter-te agora ao meu lado, eu não sei o que mais posso fazer .
- Marileide? Estás viva?!?! Estás tão… Que roupas são essas? – Pergunta João.
Marileide olha em redor. Na praça central onde se encontravam, tudo estava vazio, não se via uma única pessoa, o café habitualmente frequentado por bêbados, tinha as portas fechadas. E até a fonte, onde costumavam estar mulheres a lavar a roupa e crianças a brincar, estava seca como se há muito não tivesse uma única gota de água a correr pelas lajes.
- Onde está toda a gente? – Pergunta Marileide a olhar sobre o ombro e agora com a respiração menos ofegante.
- Tenho tanta coisa para te perguntar. – Diz João com um certo brilho nos olhos. - Por onde tens estado? Toda a gente pensou que tivesses fugido. Tu foste embora e a tua mãe assumiu que a sobrinha da prima da tua tia-avó em 3º grau tinha-se apaixonado pelo seu tio avô que estava em coma, por ter dito à nora que rapava os pelos do peito. Ficando a saber a nora de tal atrevimento, a coitada ainda chocada com a noticia decidiu divorciar-se imediatamente do marido que ficou desgostoso, caindo em cima do próprio pai que foi parar ao hospital com três costelas partidas e um traumatismo craniano. Descobre-se no hospital, por analises ao sangue, que ele mesmo não era afinal um homem, mas sim uma mulher que estava a passar por um doloroso processo de transexualidade, razão essa para não ter pelos no peito.
- Ohhh não. – Choraminga Marileide com uma súbita pronuncia brasileira. – Mas afinal que bobagem é esta? Tudo começou porque o Getulio me pediu em casamento, eu sem saber o que responder, fugi. Dei por mim, tinha corrido tanto mas tanto que me perdi no meio da selva. Encontrei uma tribo que me acolheu durante este tempo todo. Mas houve uma pessoa que eu nunca fui capaz de tirar da cabeça.
- O Getulio, Marileide? – Pergunta João, também com uma pronuncia brasileira.
- Não, você João. Eu te amo, eu te quero demais. – Responde Marileide.
- Todo este tempo eu pensei que você nada queria comigo Marileide. Eu te amo desde que você me pediu ajuda no vestibular de matemática. Lembra? – Pergunta João com um claro entusiasmo na voz e nostalgia de quem relembra os tempos antigos. – Vamos fugir juntos Marileide, ter filhos e nunca mais voltar. Que diz?
- E o resto da galera João, onde está toda a gente? – Pergunta Marileide com amedrontamento na voz.
- Todo o mundo está neste momento vendo a copa Brasil, provavelmente Portugal a perder por 3 ou 4 golos. Já o Brasil segue em frente. Por isso pouco importa Marileide, vamos ser felizes. – Responde João.
- Vamos então João. – Diz Marileide. – Só uma coisa João!
- Que é? – Pergunta João.
- Cadê a minha Bimby?
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