quarta-feira, 10 de julho de 2013
Sonhos
Tudo indicava ser mais um dia de Sol. Estávamos em pleno mês de Julho e ao ligar a televisão as noticias continuavam a ser as mesmas do dia anterior, redução do preço do biodiesel, menor taxa de desemprego de sempre, o nível de endividamento das famílias portuguesas diminuiu de 10 para 7% do PIB, aumento do IVA de 2 para 3%. Na verdade pouca gente deu importância à medida governamental pois não fazia 4 meses que o ordenado mínimo tinha sido aumentado para 1300€.
Quase podia dizer que estava tudo bem comigo, não fosse o médico no dia anterior ter-me aconselhado a ter maior controle sobre aquilo que comia. Que mais podia eu querer? Peças de teatro garantidas para os próximos 5 anos, e actualmente a gravar uma série com um argumento brilhante.
Estou a lavar a loiça do pequeno almoço quando uma noticia de rodapé me alerta, o Facebook acabou. Como seria isto possível? Uma rede social tão importante como esta não podia simplesmente acabar. O que fazer agora? De que forma podia eu ver o que andam os outros a fazer, e quem é a namorada ou namorado de quem? E como é que posso agora cuscar as fotografias das férias de Monte-gordo daquele e do outro? Merda. Dou por mim a querer libertar tamanha raiva e frustração no computador, mas lembro-me que pura e simplesmente não existe Facebook. Como posso eu partilhar esta escandalosa noticia com os meus 2563 amigos, agora que não existe facebook?
Abro os olhos, o quarto está todo escuro, limpo ligeiramente a baba que me escorre do canto da boca, pelo despertador vejo que são 04:24. Levanto-me, dirigo-me à cozinha, abro o frigorifico e bebo longos goles de água fresca. De volta ao quarto, faço um enter no portátil e abro o facebook. Já tenho 18 likes e 4 comentários na fotografia que postei na minha cronologia. Porra que susto. Vou dormir.
terça-feira, 9 de julho de 2013
Sentir e ver.
Tanto faria para perceber, para ver, cheirar, sentir.
Duas crianças andavam a brincar. Uma delas pulou por cima de uma caixa que se encontrava bem no meio daquele parque. A outra sem saber o que fazer, correu. Correu sem parar. As lágrimas corriam com ela, tal era a velocidade do vento a bater-lhe na cara, e tanto faria para perceber, para ver, cheirar e sentir o mesmo que a outra criança.
Nesse dia à noite a televisão entra as várias reportagens noticiadas, falou das duas crianças.
Naquele ultimo dia aprenderam a ver.
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