domingo, 11 de março de 2012

O sonho

Apenas desejo, nada mais João. Quantas formas, pensas vir a ter amigo? De que maneira queres tu lidar com o mundo?

Acho que ando a ler demasiado João.
Tive um outro sonho, estava num espaço amplo, numa das paredes lá ao fundo encontrava-se a dita porta fechada, desta vez pintada de azul e amarelo. No espaço havia um ringue de boxe, as cordas delimitadoras do ringue eram na verdade esparguete. Dois cães sentados junto do ringue a olhar fixamente para a porta. Entra uma mulher dos seus 60 anos e abre-me a porta, um dos cães levanta-se, segue até à porta, mija para a mesma e passa para o lado de lá, o outro olha para mim e espantosamente diz-me:
- Estás comigo, estás com Deus.
Pego no comando da televisão e fecho a porta como se de uma televisão se tratasse. Olho para o lado oposto e vejo um campo aberto, a cor do céu era simplesmente perfeita, era da cor dos sonhos cor-de-rosa.

Xavier Rolando

sábado, 10 de março de 2012

Caro Xavier

Caro Xavier,

Não pretendo que a minha mensagem seja do seu agrado, ainda assim, já pensou em lutar pelas suas causas? Não estará com pensamentos um tanto ou quanto egocêntricos, acha-se mesmo o centro do mundo? Oportunidades? Há que lutar por elas não? As oportunidades não nascem da árvore das patacas.
E qual é o seu objectivo? Saltar o charco? Percebo a metáfora, mas será que alguma vez encontrará o seu lar, o lugar onde pensa vir a ser feliz com todos os seus sonhos concretizados?
Caro Xavier, não estará simplesmente a fugir do mundo e a colocar a cabeça debaixo da terra? Sonhar é bom, mas viver é ainda mais.

Com os meus cumprimentos,

João André

Não há espaços recentes

Há alturas na vida onde não fazemos a distinção do estar acordado ou a dormir. Perdemo-nos naquilo que pensamos ser sonho.
Não me consigo mexer.
Não mexo um único dedo.
De repente dou por mim a voar.
Encontro uma porta.
Olho pelo buraco da fechadura e do outro lado encontra-se um mundo à minha espera.
Tudo é possível do outro lado, todos os meus desejos podem ser concretizáveis do outro lado e a única coisa que nos separa é uma porta. A ironia é que o detentor dessa fechadura sou eu mesmo. A chave está comigo. No meu bolso direito, sinto o seu peso, a sua forma, mas é-me impossível tirá-la do bolso, quanto mais abrir a porta.
No outro dia, sonhei que finalmente a porta que se me enfrentava tinha sido aberta. Mas algo me impedia de passar para lá da porta. Tinha uma daquelas correntezinhas irritantes que quase deixam pôr a mão pela porta e desprender a corrente, mas nada.
Tudo me era possível, voar, lutar, tocar piano como um verdadeiro Gershwing, tudo menos passar para o lado de lá.
Sinto sempre tanto receio de me repetir, de que seja ridicularizado por aqueles que me observam, que me digam "andas a ver filmes a mais". Cuidado com o Matrix. Não há ideias novas, nem novas ideias, não há histórias recentes, no máximo apenas estórias.
Só pretendo uma oportunidade.
Gostava de saltar. Chegar ao cabo da roca olhar em frente e conseguir saltar o charco de água que me separa de um mundo mais real mas muito mais utópico.

Não me apetece cuidar de ninguém.
Apenas observo.


Xavier Rolando